quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Conserve o que você tem!!! E já!!!

Por: Débora Rossini

Se você que está lendo esta postagem for deficiente visual (DV), atenção: este texto foi escrito para você mesmo!!! Você - e muitos outras pessoas cegas e de baixa visão- fazem parte do público-alvo deste post!!! (Mas se você é normovisual, esteja à vontade para ler também, hehehe!!! )
Trazemos, para você que é DV, dicas para aproveitar ao máximo todos os recursos sensoriais que você possui! Elas foram elaboradas por uma pessoa que, temporariamente, foi portadora de deficiência visual. Embora tal pessoa fosse leiga na área de saúde, ela correu incessantemente atrás de informações que pudessem ajudá-la a conviver melhor com a deficiência visual - e, assim, evitar correr o risco de, a longo prazo, tornar-se deficiente sensorial dupla ou múltipla devido a pequenos deslizes no dia a dia (ou devido a pura falta de esclarecimento adequado.) Ela vivia dizendo a seus amigos: "Já não basta ter UMA deficiência para dar tanto impacto na vida pessoal, profissional e acadêmica...? Duas ou mais, certamente, vão dar uma 'mão-de-obra' um pouco maior...!"

Então, "voilà" às dicas!

Bom, vamos admitir que você é um deficiente visual que não possui outra deficiência sensorial concomitante - tal como auditiva, por exemplo. Tendo todos os outros sentidos intactos (excetuando, obviamente, a visão), siga os toques que se seguem!

SAÚDE VISUAL - VISÃO RESIDUALSe você possui baixa visão, procure informar-se com o seu médico sobre os detalhes a respeito de sua(s) patologia(s) ocular(es). O que o médico lhe diz, quanto ao uso de sua visão residual? Sabe-se que há doenças oculares nas quais, quanto mais se usa a visão residual, mais se retarda a perda total desta (por estimulação contínua); mas, por outro lado, há outras em que quanto mais a visão residual é utilizada, mais DETERIORA-SE a visão (por forçar-se um órgão que já se encontra debilitado em suas funções). Então, converse com o seu médico oftalmologista e informe-se direitinho! :-)

Descrição da foto: exame de vista. Crédito da imagem: servidorpublico.net

Caso seja mais indicado POUPAR a visão residual para preservá-la, NÃO PENSE DUAS VEZES! Nada de ficar forçando a vista desnecessariamente. Um tiquinho de visão residual que você tiver, por menor que seja, faz toda a diferença em determinadas situações!!!! Assim, use o que seus ouvidos, tato , olfato e paladar têm a lhe oferecer!!! Observação: se você é deficiente visual completo, não fique aí achando que ouviu este parágrafo à toa: conte o que você aprendeu, para algum portador de visão subnormal que você conheça! Hehehehe! Vai dar uma ajuda e tanto!

SAÚDE AUDITIVA
Preserve a sua audição ao máximo. Ela, por motivos fáceis de entender, tem de fazer o papel de ouvido e de olho ao mesmo tempo, não é mesmo? Afinal, para compensar o déficit de visão, você precisa da audição mais do que os normovisuais, uê! Então, com atitudes simples, você poderá evitar sair perdendo sua audição "por bobeira"! Evite lugares muito barulhentos, e evite colocar aparelhos eletrônicos de som em volume alto - ainda mais se for com fones de ouvido! A exposição a altos níveis de ruído, acima de 85 decibeis, pode levar a perdas - muitas vezes irreparáveis- da audição.


Descriçaõ da foto: menina incomodada com ruídos altos. Crédito: revistacrescer.globo.com
Fones de ouvido, se mal utilizados, prejudicam a saúde auditiva! O uso contínuo destes dispositivos, por muitas horas seguidas, não é recomendado pelos especialistas em saúde. É que eles ficam praticamente "dentro" do ouvido, com a fonte sonora muito próxima ao tímpano. Por isso, a longo prazo, corre-se o risco de prejudicar a audição. Se colocar o som alto com o fone de ouvido, aí vai detonar mais ainda a sua capacidade de ouvir!!! CUIDADO! Então, sempre que possível, faça o máximo para restringir o uso deste equipamento, preferindo as caixas de som externas, próprias do aparelho eletrônico de som. Ah, e em volume sonoro baixo, viu???
Descrição da imagem: rapaz usando fones de ouvido. Crédito: fotosearch.com.br
Se, para um normovisual, esses cuidados são fundamentais para a manutenção da tão importante saúde auditiva, imagine então a importância elevada da audição para um deficiente visual! Tal preciosidade não pode, de forma alguma, ser jogada fora, hehehe! Então, fique atento!

Quando você estiver em um local muito barulhento, do qual não dá pra sair (como, por exemplo, um evento social com música muito alta, ou uma área barulhenta onde você more, estude ou trabalhe), que tal experimentar protetores auriculares? São discretos, baratos e facilmente encontrados em drogarias, farmácias e lojas de "produtos para saúde". São costumeiramente usados por pessoas normovisuais que trabalham em locais de alto nível de ruído (como industriais, motoristas de ônibus, etc) ou até mesmo estudantes que necessitam concentrar-se em suas tarefas escolares/ acadêmicas e não dispõem de um lugar tranquilo e silencioso para estudar. Já ouviu histórias de jovens normovisuais que precisavam fazer os trabalhos da escola ou faculdade, ou preparar-se para vestibulares e concursos e que, cansados do som alto dos vizinhos ou da barulheira na própria casa (por incompreensão dos familiares ou colegas de república) , compraram um abafador auricular para contornar o problema?

Descrição da imagem: protetores auriculares. Crédito: turso.terra.com.br
Pois é! Esse dispositivo, além de ajudá-lo a se concentrar melhor, vai proteger seus ouvidos e dar-lhe até um maior sossego - já que na maioria absoluta das vezes os DVs são mais sensíveis a estímulos sonoros que as pessoas de visão normal (e,portanto, irritam-se mais facilmente com ruídos indesejados). Mas atenção: ao comprar seu protetor auricular, prefira os de espuma, que são mais confortáveis e parecem ser os mais eficientes. (Se vier com uma cordinha amarrando os protetores, melhor ainda, para não perdê-los, hehehe!) E mais: fique atento às instruções de uso e manuseio corretos. Caso contrário, além de o objeto não desempenhar seu papel corretamente, podem ocorrer problemas de saúde nos ouvidos devido à má higienização (por acúmulo de bactérias) ou incômodos como acúmulo de cera no ouvido por posicionamento incorreto (tal como aquela velha história do uso incorreto dos cotonetes de limpeza, que todo mundo conhece muito bem!) Ah! E troque o par de protetores auriculares sempre que sentir que eles estão velhos (ou seja: "molengos", com dificuldade de parar no lugar correto...). Senão, eles não cumprirão o papel deles! É igual a escova de dentes: se ficou velha, ela não limpa direito... então, troque! ;-)

Outra dica: ao usar um medicamento, fique atento se ele não possui em sua fórmula componentes que são ototóxicos - ou seja, que podem causar, como sequela de seu uso, a surdez! Converse com o seu médico; ele saberá informar melhor e detalhadamente isso a você.

SAÚDE OLFATIVA E GUSTATIVA
Você que, mais do que os normovisuais, sabe o quanto que o olfato e o paladar são importantes para compensar o déficit visual, não é mesmo? Então, lá vão mais umas dicas:

-Se você fuma, largue JÁ o cigarro! Pesquisas mostram que o hábito de fumar reduz a capacidade da pessoa no referente à percepção de cheiros e sabores. (Duvida?! Dê uma "googlada" aí e confira!) Largando o hábito de fumar, você sentirá o aumento da sua percepção olfativa e gustativa. Ora, se você tem tanta opção de coisas nutritivas, saudáveis, com cheirinho gostoso, sabor delicioso, diet e light para pôr na boca (leia-se: comida saudável), para que você vai ficar colocando cigarro malcheiroso e cancerígeno na boca??? Além de o cigarro causar um déficit olfativo e gustativo (de déficit, já basta o visual, que traz as barreiras que todo DV conhece!), dá também aquele tantão de malefícios à saúde, que são amplamente divulgados pela mídia. Caso ainda assim você seja fã do cigarro, alegando que " ele ajuda a relaxar" (ainda mais que DV tem o dobro de dificuldades cotidianas em comparação com as pessoas sem necessidades especiais - e usa isso como válvula de escape), seguem algumas dicas de atividades que relaxam e dão prazer sem arruinar sua saúde: vá conversar com um amigo, tocar algum instrumento musical, fazer um lanche nutritivo que não prejudique sua boa forma, navegar na internet... e aproveite para ler o "Sopa de Números na Educação Inclusiva", rarrarrá!!!! :-) Temos certeza de que você vai desistir do tabagismo rapidinho, hehehehe!
Descrição da imagem: placa indicativa de que é proibido fumar. Crédito: tobeingoodhealthy.blogspot.com

-Outra coisa: se você contrai gripes e resfriados com frequência - ou possui problemas respiratórios crônicos que causem obstrução nasal, tais como rinite alérgica e outros- , certamente nota uma diminuição na sua capacidade olfativa, não é? Então, não perca tempo: tente descobrir quais os fatores que desencadeiam esses eventos. Marque com o seu médico otorrinolaringologista uma consulta e veja com ele o que pode ser feito para minimizar o seu problema. Será que a sua alimentação está balanceada o suficiente, ou faltam alguns nutrientes - e, assim, seu sistema imunológico estria um pouco baixo? Será que determinadas práticas esportivas podem melhorar sua qualidade respiratória e diminuir a ocorrência de tais problemas? Será que você precisa de medicação indicada para o seu caso? Seu médico certamente irá ajudá-lo nessa tarefa.

Observação: Se você que está lendo este post é deficiente visual, mas possui outra deficiência sensorial concomitante, basta adequar as habilidades que você possui com seus sentidos intactos remanescentes, combinando seu funcionamento de acordo com as limitações dos órgãos dos sentidos que possuem funcionamento comprometido. Ou seja, se você por exemplo é deficiente visual e auditivo, faça o máximo para evitar perder mais ainda as percentagens residuais de visão e audição (caso as tenha) e preserve ao máximo as percentagens totais dos demais sentidos. Assim, inspire-se nas dicas dadas ao longo deste texto, e adeque-as à seu perfil de percepção sensorial. Assim, evitará contrair novos problemas de saúde que irão somar mais limitações às que você já possui. Então, cuide-se! ;-)

Agora é sua vez, leitor do "Sopa", que seja DV ou não: considerando-se que as dicas acima foram elaboradas, testadas e aprovadas por uma pessoa então deficiente visual, o que achou? Gostou? Comente em nosso blog! Aliás, sugestões adicionais -que poderão turbinar tudo isso dito acima- são muito bem-vindas!!!! :-)

*Colaborou na revisão de texto deste post: Raquel Rossini, graduanda em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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