domingo, 19 de dezembro de 2010

Braille Virtual: um software bastante útil para quem enxerga, mas trabalha com deficientes visuais!

Uma das grandes barreiras entre a comunicação escrita de deficientes visuais (DVs) e de pessoas normovisuais é o fato de as letras do alfabeto Braille apresentarem diferenças de formato, se comparadas às letras do alfabeto convencional para normovisuais. Dessa forma, muitas vezes, quando um professor possui um aluno com deficiência visual, torna-se difícil a avaliação de atividades escritas feitas por esse aluno - já que o professor, na esmagadora maioria das vezes, não compreende o que o estudante em questão escreve. A mesma coisa ocorre quando os pais de um estudante deficiente visual têm a intenção de auxiliá-los nas tarefas escolares (tais como deveres de casa e preparação para provas) : como eles vão ajudar seus filhos adequadamente, se o sistema de leitura e escrita dos filhos difere daquele comumente usado pelos pais (isto é, se os pais não forem deficientes visuais)?
Resumindo: pelo fato de as pessoas normovisuais ao redor de um deficiente visual não conhecerem o alfabeto Braille, há uma dificuldade na troca de materiais escritos entre o DV e as pessoas de sua convivência.
Pensando nessa problemática, uma equipe de professores da USP desenvolveu o Projeto "Braille Virtual".

O que é o projeto Braille Virtual?
É um projeto desenvolvido por uma equipe de professores da Faculdade de Educação da USP, com a finalidade de disseminar o Braille para pessoas que... ENXERGAM! Isso mesmo: para afastar aquela ideia de que o "Braille é algo difícil e inacessível", e facilitar a comunicação escrita entre deficientes visuais e normovisuais, à medida em que mais pessoas de visão normal conheçam a técnica!
O projeto consiste em um curso de Braille online, com recursos de animação digital para que pais, professores e amigos de deficientes visuais aprendam o Braille de forma prazerosa.
Conforme texto no site do projeto, "as pessoas que vêem não precisam do tato para ler em Braille. Com o aprendizado do sistema composto por 63 símbolos formados pela combinação de seis pontos em uma célula, o indivíduo que vê pode ler textos em Braille apenas substituindo as letras comuns pela nova simbologia". [1]
O curso é livre e não oferece certificado. Mas é de grande utilidade para as pessoas que convivem com deficientes visuais - ou que desejam aprender, para a eventualidade de um dia conviverem com um deles! :-)

Como começou esse curso?
No início dos anos 2000, a professora Nely Garcia, da USP, percebeu que pouquíssimas pessoas normovisuais conheciam o Braille, ao fazer um trabalho de consultoria para o MEC. Sendo assim, ela acabou por constatar que esse fator iria prejudicar- e muito! - o aprendizado de crianças com deficiência visual. Como, por exemplo, um professor iria corrigir um trabalho escolar de um aluno cego - como uma redação, por exemplo? Nós, licenciandos em matemática, pensaríamos, de maneira análoga: "em um exercício escrito, no qual o professor necessita ler e acompanhar o raciocínio do aluno - bem como o emprego da simbologia correta em um exercício de matemática-simplesmente não teria como o professor atender adequadamente a esse aluno!" Ou seja: se os normovisuais dominassem o sistema Braille, certamente não haveria esse problema...
Sendo assim, a professora continuou trabalhando em suas pesquisas, e , assim, surgiu o software Vide Braille I, que tinha por finalidade ensinar o Braille por meios visuais, com animações virtuais, para que as pessoas que enxergam pudessem aprender Braille. Entretanto, o programa acabou por permanecer desconhecido, pelo fato de as estratégias para divulgação não terem sido eficientes.
No entanto, em 2004, foi criado o Braille Virtual, que foi disseminado através da Internet. Veja o site do Braille Virtual no fim desta postagem! :-) A professora criadora do projeto afirma, em depoimento dado no site da USP [2] , que "hoje, ouvem-se muitos professores que não necesitam mais de terceiros para fazer a transcrição [do alfabeto Braille para o convencional]".
Conforme podemos ver no site da USP ,

"O Braille Virtual foi lançado em 2004 e não contou com nenhuma estratégia formal de divulgação. A existência do site foi repassada entre os interessados via boca-a-boca. Ainda assim, logo nos primeiros meses se pôde perceber um boom nos acessos à página. Já em janeiro de 2005, quando o site do Braille Virtual contava pouco mais de quatro meses, o número de visitas era superior a 15 mil. Hoje, são mais de 320 mil visitantes e uma distribuição de cópias do software que supera o 1,2 milhão.
“O mundo todo está ampliando o acesso ao programa”, conta a professora Tizuko Morchida Kishimoto, também responsável pelo Braille Virtual. Há referências ao Braille Virtual em páginas de empresas e instituições governamentais de diferentes países, sem contar um posicionamento em todas as regiões do Brasil. A adaptação do programa aos idiomas inglês e espanhol levou o Braille Virtual a ser significativamente acessado nos continentes norte-americano e europeu.
Com isso, os depoimentos elogiosos e experiências positivas com o programa se criam em escala exponencial. Os relatos que chegam à equipe da FE trazem frases como “o curso veio de encontro à minha necessidade como educadora”, “nós que temos familiares com deficiência visual sabemos da importância desse trabalho”, e “sou cega e gostaria de parabenizar todos os envolvidos na realização do projeto. Iniciativas como esta são fundamentais se queremos uma sociedade mais inclusiva”.
A diversidade dos elogios reflete a variabilidade do público que chega ao site. Familiares de cegos,
educadores, “curiosos”, militantes – embora de diferentes vertentes, pessoas que acreditam na inclusão dos cegos e que também apostam na tecnologia como uma ferramenta eficaz para superar as barreiras costumeiras. Barreiras como a da distância, posta abaixo pela união entre um sistema bem desenvolvido e a disposição de pessoas como o professor Everton Vasconcelos, do interior do Rio Grande do Sul. “Ainda que eu não tenha contato direto com pessoas cegas, acredito que diminuir preconceitos é tarefa de todo educador. Por isso utilizei o Braille Virtual com os meus alunos, e afirmo que todos os professores deviam adotar práticas semelhantes”. [2]

Referências
[1]http://www.braillevirtual.fe.usp.br/pt/index.html
[2]http://www4.usp.br/index.php/educacao/17549-numeros-e-depoimentos-positivos-atestam-sucesso-do-projeto-braille-virtual

sábado, 18 de dezembro de 2010

Novidades!!!

Olá, leitores do "Sopa"!!! Se você navegar com atenção, verá que ampliamos nossa lista de sugestões de blogs/sites interessantes. Navegando na internet, encontramos mais dois blogs legais sobre Deficiência Visual: "Deficiência e Inclusão Social" e "Deficiência Visual e Educação". Ambos são escritos por uma mesma pessoa, que é a pedagoga Célia, que possui habilitação na área de Deficiência Visual. Conforme ela escreveu em seu perfil, ela trabalha em sala de recursos, com apoio pedagógico a esse público-alvo.
Ficou curioso(a)? Dê uma conferida neles!!! :-)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Dia Nacional do Deficiente Visual: 13 de dezembro

Para quem não sabe, o dia 13 de dezembro é o Dia Nacional do Deficiente Visual. E nós, da equipe do "Sopa", não poderíamos deixar a data passar em branco de jeito nenhum, não é verdade? :-)

Aposto que você, leitor assíduo do "Sopa", já sabe algumas coisas acerca dos deficientes visuais no que se refere à educação destas. Bom ,mas e quanto a outros aspectos - tais como a locomoção destas e o espaço destas na sociedade? A equipe do Fantástico, da Rede Globo, também se lembrou da data na edição de ontem, ao exibir a reportagem sobre o "boné inteligente" que ajuda os cegos a desviarem de obstáculos na rua (disponível no site [4] no final do post). Para quem não sabe, os deficientes visuais , para se locomoverem, normalmente utilizam-se de um objeto conhecido como "bengala longa". É o método mais comum de locomoção utilizado por deficientes visuais (devido ao seu custo menor, em comparação a outros) ; no entanto, não é o mais eficiente (porque ele só indica obstáculos da cintura da pessoa para baixo. Sendo assim, nem sempre obstáculos altos, como orelhões, topos de abrigos de ônibus (caso a pessoa seja alta),lixeiras, etc são detectados - o que pode provocar acidentes.
















Cego usando bengala-longa. (Crédito da imagem: [I])


Existe também a locomoção auxiliada por cão-guia. No entanto, no Brasil,é difícil conseguir um cão-guia gratuitamente (tem uma longa fila de espera para adquirir cães que, muitas vezes, são treinados por profissionais especializados, no exterior). Além disso, os bichinhos geram bastantes despesas, tais como alimentação adequada, veterinário, etc - o que dificulta a manutenção por pessoas de menor poder aquisitivo [1].













Mulher cega com cão-guia. (Crédito da imagem: [II])



No caso do dispositivo eletrônico mostrado pelo Fantástico, na edição de 12/12/2010, ele é inspirado no sistema que os morcegos (animais quase cegos) utilizam para se mover.


Como tratar deficientes visuais corretamente?

Seguem-se abaixo algumas dicas úteis, para uma hipotética situação na qual você esteja lado a lado com uma pessoa deficiente visual:

"Ofereça sua ajuda sempre que um(a) cego(a) parecer necessitar. Mas não ajude sem que ele(a) concorde";











Peraí!!! Primeiro pergunte se o cego quer ajuda!!! (Crédito da imagem: [III])



"Sempre pergunte antes de agir. Se você não souber em que e como ajudar, peça explicações de como fazê-lo;
Para guiar uma pessoa cega, ela deve segurar-lhe pelo braço, de preferência no cotovelo ou no ombro. Não a pegue pelo braço: além de perigoso, isso pode assustá-la. À medida que encontrar degraus, meios fios e outros obstáculos, vá orientando-a. Em lugares muito estreitos para duas pessoas caminharem lado a lado, ponha seu braço para trás de modo que a pessoa cega possa lhe seguir";










Crédito da imagem: [IV]


Ao sair de uma sala, informe o(a) cego(a); é desagradável para qualquer pessoa falar para o vazio. Não evite palavras como "cego", "olhar" ou "ver", os(as) cegos(as) também as usam;
Ao explicar direções para uma pessoa cega, seja o mais claro e específico possível. Não se esqueça de indicar os obstáculos que existem no caminho que ela vai seguir. Como algumas pessoas cegas não têm memória visual, não se esqueça de indicar as distâncias em metros (por exemplo: "uns vinte metros para a frente"). Mas se você não sabe corretamente como direcionar uma pessoa cega, diga algo como "eu gostaria de lhe ajudar, mas como é que devo descrever as coisas?", ele(a) lhe dirá;
Ao guiar um(a) cego(a) para uma cadeira, guie a sua mão para o encosto da cadeira, e informe se a cadeira tem braços ou não;
Num restaurante, é de boa educação que você leia o cardápio e os preços;
Uma pessoa cega é como você, só que não enxerga; trate-a com o mesmo respeito que você trata uma pessoa que enxerga;
Quando você tiver em contato social ou trabalhando com pessoas com deficiência visual, não pense que a cegueira possa vir a ser problema e, por isso, nunca as exclua de participar plenamente, nem procure minimizar tal participação. Deixe que decidam como participar. Proporcione à pessoa cega a chance de ter sucesso ou de falhar, tal como qualquer outra pessoa;
Quando são pessoas com visão subnormal (alguém com sérias dificuldades visuais), proceda com o mesmo respeito, perguntando-lhe se precisa de ajuda, quando notar que ela está em dificuldade".
(Fonte: [3])


Bom, e quanto à história da vida dos cegos na sociedade? Sera´que eles sempre foram tratados da mesma forma, desde a antiguidade até os dias de hoje?












Crédito da imagem: [V]



Na antiguidade, pessoas com algum tipo de deficiência – entre eles, os cegos- eram consideradas “aberrações”, “anormais”, e, por isso, eram excluídas da sociedade, sendo abandonadas ou até mesmo eliminadas. Esse pensamento, que é considerado absurdo nos dias de hoje, infelizmente era normal e natural naquela época!!! :-( Quando veio a época da Idade Média, no qual a Igreja Católica mostrava todo o seu poder, essas pessoas passaram a serem vistas como “coitadinhas”, “indefesas”, que precisavam de proteção. “Justificava-se a deficiência como expiação de pecados ou como passaporte indispensável ao reino dos céus” [2] .











Crédito:[VI]



Foi quando começaram a surgir os asilos e instituições de caridade, nas quais essas pessoas eram alocadas.
Na época da Revolução Francesa, entretanto, esse quadro começou a mudar (ainda bem!!!) Entre seus ideais, pregava-se o direito das minorias de ter participação na sociedade.
“Nesta historicidade, destacaram-se pessoas cegas com suas expressivas contribuições nas diferentes áreas do conhecimento, revelando o ilimitado potencial humano de pessoas como:
-Homero: teria sido responsável pelo registro de fatos sociais que possibilitaram o levantamento da história de um povo;
-Didymus de Alexandria (Século IV d.c.) – Professor de filosofia, teológia, geometria e astronomia;
-Nicolas Sauderson (1682-1739) – um dos mais renomados cientistas cegos. Matemático, foi professor de Cambridge e membro da Royal Society;
-John Gough – biólogo inglês, especialista na classificação de animais e plantas;
-Leonardo Euler – matemático, duas vezes premiado pela Academia de Ciências de Paris;
Fracois Huber (Século XVIII) – zoólogo inglês, tido como a autoridade sobre o comportamento das abelhas” (Fonte: [2]) “

No que se refere à educação de cegos, o marco inicial foi o século XVI.
Em 1784 surge em Paris, criada por Valentin Huy, a primeira escola para cegos: o Instituto Real dos Jovens Cegos. Nela era adotado um sistema de leitura em alto–relevo com letras em caracteres comuns.

No século XIX, um novo sistema com caracteres em relevo para escrita e leitura de cegos é desenvolvido e proposto por Louis Braille, que também era deficiente visual. Dessa forma, o processo de ensino-aprendizagem de pessoas com deficiência visual vai mostrando sinais de desenvolvimento, permitindo-lhes maior integração na sociedade.

No século XVII e XIX,começaram a ser desenvolvidos estudos sobre as deficiências, do ponto de vista médico- clínico. No caso da deficiência visual, concluiu-se, através de estudos e pesquisas, que existem muitas doenças com patologia ocular -que aos poucos vai diminuindo a sua visão, dificultando desta forma a aprendizagem de um indivíduo.

Assim, as novas técnicas e métodos para ensinar pessoas com deficiência visual foram ganhando credibilidade. Aos poucos, a sociedade foi percebendo que as pessoas cegas também são capazes como as normo-visuais - apenas necessitam de metodologias adequadas às suas capacidades sensoriais e habilidades!










Crédito: [VII]



No século XIX, essas técnicas chegaram ao Brasil:

"-1854: Criação do Instituto Imperial dos Meninos Cegos, que era um colégio para pessoas cegas. (Atualmente, ele possui outro nome: Instituto Benjamin Constant, que está localizado no Rio de Janeiro).
1926 – Instituto São Rafael, Belo Horizonte – MG;
1928 – Instituto Padre Chico, São Paulo – SP;
1929 – Instituto dos Cegos da Bahia, Salvador – BA;
1941 – Instituto Santa Luzia, Porto Alegre – RS;
1943 – Instituto de Cegos do Ceará, Fortaleza – CE;
1946: Fundação para o Livro do Cego no Brasil 9Atualmente, se chama Fundação Dorina Nowill para Cegos).
1957 – Instituto dos Cegos Florisvaldo Vargas, Campo Grande – MS."
(Fonte: [2] )

A partir dos anos 1980, começaram a surgir os cursos de capacitação para atendimento dos deficientes visuais, salas de recursos e associações de pais e amigos de portadores de deficiência visual.

Atualmente, o modelo vigente é o de “educação inclusiva”, no qual o estudante cego frequenta escolas regulares, juntamente com estudantes sem necessidades especiais -e, no turno oposto ao das aulas regulares, conta com o apoio de professores e monitores especializados e salas de recursos que auxiliem no atendimento de suas necessidades. No entanto, nota-se uma escassez de recursos humanos devidamente capacitados e de recursos tecnológicos para atender toda a demanda de estudantes com tais necessidades.

Formulou-se a ideia de que o conceito de sociedade inclusiva é algo que deve ser desenvolvido de ambas as partes - tanto por parte dos portadores de necessidades especiais quanto por parte dos indivíduos que não as possuem. Ambas as partes interagem, de forma a aprenderem a lidar com as diferenças - algo que, historicamente, as pessoas sempre tiveram dificuldades para lidar, conforme atestam documentos históricos e relatos. Da mesma forma, o conceito de educação inclusiva atual não é um modelo de educação destinado apenas aos portadores de necessidades educacionais especiais - mas sim a todos os membros da instituição educacional, no qual todas as pessoas envolvidas no processo ensino-aprendizagem vão aprendendo a lidar com a diversidade humana, e enriquecendo cada vez mais nesse maravilhoso desafio! :-)

O que podemos concluir é o seguinte: houve bastante evolução, no modo como os deficientes visuais vêm sendo tratados pela nossa sociedade e , de fato, houve alguma evolução na legislação e nos métodos de ensino. Entretanto, muito ainda falta para ser feito de forma que a plena inclusão destas pessoas venha a se concretizar - tanto na educação quanto nas atividades cotidianas em geral. A data de 13 de dezembro é, portanto, uma ótima oportunidade para refletirmos sobre isto... mas, como afirma uma pessoa ex-deficiente visual que conhecemos, "Dia do Deficiente Visual, na prática, deveriam ser todos os dias do ano - nos quais as pessoas, com conscientização e simples atitudes no cotidiano, vão somando forças para que torne a vida do portador de necessidades especiais menos limitada e penosa".


Quer ler mais?

[1]Depoimentos de deficientes visuais
http://revistatpm.uol.com.br/print.php?cont_id=1612
[2]A Deficiência visual e sua historicidade na Inclusão- Por Luciene Moris da Silva Santos
http://www.infoeducativa.com.br/index.asp?page=artigo&id=159
[3] http://www.deficientesvisuais.org.br/
[4]http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1635503-15605,00-BONE+INTELIGENTE+AJUDA+CEGOS+A+DESVIAR+DE+OBSTACULOS+NA+RUA.html


Créditos das imagens utilizadas neste post
[I] rebolinho.com.br
[II] vidaemsociedade-sa.blogspot.com

[III] educaofsicaadaptadaeeducaoespecial.blogspot.com
[IV] prodam.sp.gov.br
[V]nosrevista.com.br
[VI] orelhasquentes.blogspot.com
[VII]mp.se.gov.br


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Mais sugestões de leitura... e novas ideias!

Olha nós aqui de volta!!!! Hehehe!!! Trouxemos para você, leitor (a), sugestões de leitura de blogs e sites interessantes sobre a questão das necessidades especiais. É só dar uma navegada pelo canto direito da página principal deste blog, e... "voilà" !!! :-) Como você poderá ver, são blogs e sites que tratam dos diversos tipos de deficiência: visual, auditiva e motora. Os blogs que sugerimos para leitura, são em sua maioria escritos por pessoas que possuem algum tipo de deficiência.

Aí você certamente irá se perguntar: "uê, mas o Sopa de Números na Educação Inclusiva" é um blog sobre Educação inclusiva!!! O que tem a ver essas indicações de leitura com o tema principal do "Sopa" ?

Oras, meu caro leitor, tem TUDO a ver!!! Embora vários desses blogs indicados não falem necessariamente e explicitamente sobre Educação - mas sim sobre a situação do deficiente no dia-a-dia - , ele ajuda os leitores a entenderem - e muitoooo!!!- a realidade vivida por essas pessoas... e que, não raro, acaba por interferir diretamente na educação destas. Você, que se interessa pelo tema da Educação Inclusiva (e, por isso, lê o "Sopa"!!!) , já parou para pensar como é o estado psicológico/emocional de uma pessoa com necessidades especiais (PNE) , frente as suas atividades (entre elas, o estudo)? Pode ser que esse estudante PNE seja uma pessoa que aceita sua condição e supera suas dificuldades numa boa - seja por ter bastante força psicológica pessoal, seja por ter o apoio da família e amigos; mas pode ser também que esse estudante seja um indivíduo inconformado com a situação, e/ou que não recebe compreensão adequada das pessoas que o cercam. Pode ser que um PNE , mesmo com o apoio e carinho das pessoas que o cercam, tenha uma certa inconformidade e/ou desgaste psicológico diante das intermináveis consultas médicas (principalmente se adquiriu a deficiência depois de adulto)... ou diante de tentativas de reversão da deficiência que fracassam... ou diante das limitações para fazer suas atividades e ter de depender dos outros para executa´-las... ou seja por ser um estudante que já tem um histórico de repetidos fracassos escolares, devido à falta de material didático adaptado às suas necessidades educacionais (e também por falta de preparo adequado dos professores...) enfim, as situações enfrentadas por um aluno PNE, muitas vezes, acabam por interferir na maneira como essa pessoa formula suas impressões a respeito do mundo que o cerca - e, por "efeito dominó", podem interferir, de certa forma, nos seus resultados acadêmicos. Muitas vezes, vemos estudantes PNEs extremamente inteligentes - mas que, por razões psicológicas motivadas pela sua deficiência, acabam por não expressar todo o seu potencial!!! :-O

Sendo assim, acompanharmos os relatos de pessoas com necessidades especiais no que se refere ao cotidiano - e tentarmos compreender as suas mentes- é de vital importância para um educador ou para um licenciando!!! É que, dessa forma, ao lidarmos com um estudante PNE, poderemos desfazer possíveis bloqueios de aprendizagem oriundos da situação psicológica de um aluno nessas condições - e, assim, contribuirmos para fortalecer sua auto-estima, confiança e fazê-lo acreditar que é possível superar barreiras! :-)

Calma, não é todo estudante PNE que possui barreiras psicológicas ao aprendizado!!!! Felizmente, tem aqueles que são, digamos, "bem-equipados" emocionalmente - apesar das dificuldades enfrentadas por um PNE na sua vida acadêmica e pessoal. Mas tem aqueles que precisam de uma "mãozinha" extra para se tornarem hábeis em contornar e superar as barreiras cotidianas! ;-) Então, caro leitor, mãos a obra! :-)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

"Dançando no Escuro"

Este é o nome sugestivo do blog que nossos colegas de uma outra equipe, que também estão cursando a disciplina Comunicação e Expressão, fizeram. Tal como nós, fizeram o blog como atividade avaliativa da referida disciplina.
O blog deles fala sobre Deficiência Visual, Braille e sobre as Tecnologias Assistivas que atualmente estão no mercado -com foco nas tecnologias assistivas digitais.
Vale a pena conferir o link para o referido blog, no canto direito desta página... tá na lista de sites e blogs interessantes que recomendamos! :-)
Boa leitura! :-)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Matemática e Corpo Humano: uma coisa tem a ver com outra? Ou não...?

 Ooooopa! Olha nós de volta aqui, postando mais textos! Aposto que você, leitor, ao ver esse título acima, deve ter pensado: “O que é isso: matema´tica e corpo humano!? Será que esses estudantes de Matemática que estão escrevendo nesse blog ficaram 'malucos'” ? Oras, afinal, muita gente tem a seguinte ideia: matemática está relacionada com o trabalho mental, intelectual, o que resulta no sedentarismo físico; ao passo que a atividade física, o movimento, se opõe à atividade de ficar fisicamente quieto, só resolvendo problemas de matemática. Certo? Mmmmm, nem tanto assim... bom, vamos ao que interessa! ;-)  Apesar de esta postagem não ser especificamente sobre Educação Inclusiva, ela é relacionada à Educação Matemática em geral - cuja temática pode (e deve!), ser abordada e adaptada em uma aula que envolva estudantes portadores de necessidades especiais e não-portadores de tais necessidades.


Estudante sem deficiência visual...

... e estudante com necessidade educacional especial devido à falta de visão: que tal uma aula bem interessante e acessível a todos?
(Crédito das figuras: [1] e [2] )

Bom, vamos ao que interessa! :-)
Para começar: alguns dos assuntos que são abordados em Matemática são: simetria; medidas; posições espaciais. E no corpo humano também: vemos a questão de simetria/assimetria de traços, de membros; medidas de peso, altura; medidas de tempo (sono, por exemplo), respiração, batimentos cardíacos, taxas de metabolismo, velocidade de processamento cognitivo e cerebral, etc.

Crédito: [1]



    













Dois exemplos de simetria do corpo humano. Crédito: [2]
 E a relação entre a Matemática e a atividade física????

Bom, você já deve ter ouvido falar dos inúmeros benefícios que a prática de atividades físicas proporciona- tanto do ponto de vista psicológico quanto biológico. Entre os benefícios psicológicos, você já deve ter ouvido falar da questão do desenvolvimento do senso de disciplina, e do desenvolvimento de habilidades pessoais que é desenvolvido! Por exemplo, na prática esportiva, em que nas diversas modalidades é necessário o obedecimento de regras e o raciocínio lógico para que, dentro dessas regras, sejam traçadas estratégias para se “derrubar” o adversário; na prática de exercícios aeróbicos, como corrida competitiva, a pessoa tem de traçar estratégias, monitorando o ritmo da respiração e do fôlego, para ter o rendimento desejado durante a prova; no ato de frequentar uma academia para finalidade de perda de peso, a pessoa vai monitorando seus resultados de ganho de condicionamento físico, de perda de peso e de traçada de estratégias de disciplina para que os indesejados quilinhos não voltem – bem como a persistência de não desistir, caso o metabolismo seja mais lento do que a pessoa gostaria e demore para queimar aquelas gordurinhas chatas que impedem a pessoa de entrar naquela roupa de que tanto gostaria! Rsrsrsrsrs!!! :-)

E quem diz que a aprendizagem de Matemática não envolve mecanismos similares?
Para aprender essa fantástica matéria e desvendar seus mistérios, o estudante necessita ter disciplina, traçar estratégias de estudo, dedicar um número determinado de horas àqueles tópicos que têm mais dificuldade, entender onde e por que está errando determinado tipo de exercício... Além disso, olhe aí a similaridade do “jogo” da Matemática com um jogo desportivo: em ambos os “jogos”, há regras – e, respeitando-as, a pessoa deve traçar estratégias para alcançar objetivos (no primeiro, achar a solução para um problema; no segundo, derrotar o adversário e vencer o jogo.  E o mais importante: caso não esteja alcançando os resultados desejados para o sucesso, nunca desistir até vencer!!! ;-)

Crédito da figura:clique aqui

 

















Crédito: [3]
























Outra coisa interessante que não podemos deixar de mencionar: a prática de atividades físicas, do ponto de vista biológico, ajuda-nos a ficar mais alertas e dispostos, por causa da descarga de hormônios que ocorre em nosso corpo, durante a prática de atividade física. E isto aumenta o funcionamento do nosso metabolismo, que – além de queimar as gordurinhas- aumenta nossa atividade cerebral, facilitando o nosso aprendizado de disciplinas escolares – entre elas, a Matemática, que exigem tanta concentração e dedicação!

Existem profissionais ligados à área de Educação em Matemática que exploram a inter-relaçaõ entre essas duas áreas, e que tiveram a criativa ideia de ensinar essa matéria de uma forma lúdica, elaborando jogos educacionais em Matemática que, na verdade, são atividades físicas que desenvolvem diversas habilidades cognitivas e espaciais. São brincadeiras ao ar livre na qual as crianças têm de contar sequencias de tarefas – pulos, movimentos dos membros, vezes em que uma bola bate ou rebate... legal, não? ;-) Há também joguinhos nos quais a criançada aprende a tabuada através de brincadeiras ao ar livre, brincando de roda!
(Ei, bem que podiam criar versões desses jogos para adultos universitários, não? Imagina que interessante nós, marmanjos, aprendendo Geometria Analítica, Cálculo ou Matemática Discreta lá no Ginásio Poliesportivo, mmmm?) Nós, futuros matemáticos licenciados, podemos pensar nisso, que tal? Fica aí a dica... ;-) Hehehehe!!!!
 
Crédito da foto: [4]
 

Crédito da foto:[5]


Além disso, trabalhos interdisciplinares envolvendo Matemática e Biologia, com o apoio e dedicação dos professores das respectivas áreas, podem ter resultados bastante animadores. Por exemplo, pode-se trabalhar a quantificação de litros de sangue, de células em nosso corpo, de taxas metabólicas, de cálculos de índice de massa corporal (IMC) de uma pessoa...
Pode-se também usar-se de analogias para desenvolver raciocínio lógico e matemático. Exemplo: para ensinar tópicos da Teoria de Conjuntos, poderiam ser elaboradas reflexões do tipo:
Organelas estão contidas em células, que estão contidas em tecidos, que estão contidas em órgãos, que estão contidos num organismo”. (E, assim, explicar sobre relações de “estar contido em” e de “pertinência” em conjuntos, bem como as partes mencionadas, que pertencem ao corpo humano).



Crédito: [6]



Crédito: [7]

  
Ou ainda, sobre operações entre conjuntos (interseção, união) e conceitos como o princípio da inclusão/exclusão ao se resolverem problemas de matemática envolvendo conjuntos:
Numa sala de aula tem 40 alunos. Destes alunos, 10 são canhotos e 32 são destros. Sendo assim: Quantos ambidestros (canhotos e destros ao mesmo tempo) tem na sala(*)?”

Crédito: [8]


Crédito: [9]


Crédito: [10]

A resolução do problema consiste em fazer um diagrama no qual se registra o número de canhotos e de destros a partir do total, encontrando a interseçaõ (ambidestros). Podem-se também fazer variações deste tipo de problema ao elaborá-lo, colocando, por exemplo, o nº de canhotos e de ambidestros e, a partir do total, achar o de destros; ou, então, a partir do número de canhotos, destros e ambidestros, achar o número total de estudantes na sala. O tema despertará, certamente, curiosidade – e, de quebra, poderá originar uma aula de Biologia explicativa sobre dominância manual do ponto de vista biológico/neurológico, como o cérebro das pessoas canhotas/destras/ambidestras é organizado em termos de configurações e funções, bem como as possíveis causas da prevalência da lateralidade direita na população humana!


Crédito: [9]

    (*)Resposta do problema= 2 ambidestros.


Quer ler mais sobre este tema?

Como você pode ver, ele é bem amplo e pode ser trabalhado sobre diversos enfoques!


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Toc, toc, toc... Tem algum matemático deficiente visual aí?

Dizem por aí que matemática já é difícil para quem enxerga... e para quem não enxerga? Dizem por aí que matemática “apavora” muitos estudantes que enxergam. Então, será que pode-se concluir que estudantes que não enxergam  (e que, portanto, teriam dificuldades adicionais para estudar, conforme dito em posts anteriores) iriam considerar a Matemática um problema na vida acadêmica?
 Não obrigatoriamente!!! Em primeiro lugar, qualquer pessoa, independentemente de sua condição sensorial, pode ser boa em Matemática , desde que tenha as habilidades cognitivas adequadas para isso. Basta incentivo, estímulo, métodos pedagógicos adequados e, claro, material escolar e dida´tico adaptado de acordo com suas necessidades!
 Mas aí, muita gente diz por aí: “Engraçado,todos os deficientes visuais que conheço, quando vão escolher uma carreira ao prestar vestibular, escolhem matérias da área de Humanas – Direito, Letras, Filosofia, Psicologia, História, Pedagogia ou , então, Música...” Realmente, isso se observa bastante; mas o que acontece pode tentar ser explicado por algumas razões: ou faltou estímulo adequado para o estudo de Ciências Exatas (entre elas, a Matemática) , ou é porque, no Brasil, ainda é rara e cara a maioria dos materiais didáticos de que os deficientes visuais necessitam – o que faz com que os estudantes cegos, ao optar por carreiras como as listadas acima, tenham minimizadas suas dificuldades em relação a materiais didáticos, bastando para isso recursos eletrônicos que lhe possibilitem produção e recepção de textos, por meio de áudio. (E que mesmo assim,não aniquilam as dificuldades de um estudante cego).
  Ok, mas o propósito deste post é o seguinte: “Existem matemáticos que são deficientes visuais???”
     Para quem não sabe, vai aí um nome famoso: o matemático Euler. (Detalhe interessante: na época dele não haviam essas facilidades tecnológicas que os cegos têm hoje!!!)




Leonhard Euler. (Crédito da foto:[1])

 Leonhard Euler (pronuncia-se “Óiler”) era suíço, e nasceu em 1707. Em 1735, Euler ficou cego de um olho, e, gradativamente, foi perdendo a visão do outro olho. Como ele teve uma memória muito boa, era capaz de fazer enormes cálculos mentais. (Será que ele tinha uma calculadora científica embutida na cabeça? Rsrsrsrs!!!) Bom, mas na época dele não tinham esses recursos tecnológicos que os cegos de hoje possuem. Então, ele aprendeu a escrever fórmulas matemáticas em uma tábua. Como naquele tempo não tinha os tais de Jaws, Dosvox, Virtual Vision (ih, ainda tava loooonge!!!), ele teve de usar recursos alternativos de produçaõ e recepção de caracteres escritos, que lhe desse “feedback auditivo”. Ele tinha, para isso, a ajuda de seus filhos ou de uma secretária.  Ele foi cego por 17 anos, até falecer. Sua produtividade, durante esses 17 anos , somente aumentou!



  “Euler foi tão importante não apenas para a matemática, mas também a física, engenharia e astronomia, que termos como: Número de Euler, Números Eulerianos, Fórmula de Euler, significam coisas diferentes de acordo com o contexto.” [1]

 E muitos de nós, que temos a capacidade visual intacta, ainda reclamamos de disciplinas que utilizam essas ferramentas desenvolvidas por Euler,achando complicado fazer Cálculo 1, 2, 3, Numérico, etc... Isto serve para uma boa reflexão da nossa parte...!




Crédito da foto:[3]]

Crédito da foto:[2]

Crédito da foto: [4]
   Há também um texto muito legal na internet, que , “googlando”, achamos por aí. Ele se chama “The World of Blind Mathematicians ”. Tá em inglês; portanto, está aí uma oportunidade divertida para praticar o idioma! 

 Concluindo este post, deve-se destacar que, se uma pessoa com deficiência visual tem boa capacidade de memorização e de raciocínio abstrato para mexer com números; possui boas habilidades de orientação e mapeamento espacial; se ele consegue imaginar figuras geométricas,sólidos em revolução e imaginar sistemas de coordenadas; e, principalmente, se GOSTA de mexer com isso tudo, ele não só pode- como deve!!! - aprofundar seus estudos de matemática, para fins de profissionalização. Basta ter a infra-estrutura adequada de material humano e didático para o auxiliar! :-)

Quer ler mais algo sobre o tema?


http://www.lerparaver.com/node/9180

 http://www.cepde.rj.gov.br/imagem_sonora_dv.htm

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Multiplano: você conhece?

O nome é bastante sugestivo, não? O que será isso? Será algum brinquedo novo? Será algum joguinho que inventaram? Será mais um "game" de computador para entreter crianças, jovens e adultos?
Bom, se você, caro leitor, acha que a Matemática é um grande jogo divertido, que estimula o raciocínio e novas formas de pensar e de raciocinar abstratamente, tá valendo, hahahaha!!! :-)
Vamos explicar, então, o que é essa grande invenção, feita por um professor paranaense!


Estudante deficiente visual usando o Multiplano. Ele decidiu cursar Ciência da Computação, que é um curso que possui diversas disciplinas de Matemática Superior no currículo. (Foto retirada de [1] ).


 O Multiplano é uma ferramenta pedagógica, desenvolvida pelo professor Rubens Ferronato, da cidade de Cascavel (PR), com a finalidade de auxiliar o ensino de Matemática para deficientes visuais. Ora, se eles, por razões óbvias, não conseguem ver os desenhos e gráficos do livro de Matemática, tem de ter algo que contorne esse obstáculo, não é mesmo? O Multiplano possibilita que o estudante cego ou com baixa visão entenda gráficos, equações,funções,trigonometria e geometria.

O Multiplano é uma placa perfurada, no qual são colocadas estruturas móveis, tais como pinos e elásticos, que formam as figuras desejadas. O estudante com deficiência visual vai perceber as figuras pelo toque, "vendo", assim, as figuras utilizando o sentido do tato.

"A dificuldade em conseguir ensinar conteúdos da disciplina de Cálculo Diferencial para um aluno deficiente visual numa sala do curso de Ciência da Computação, da União Pan-Americana de Ensino (Unipan) levou Ferronato a prometer que iria trazer um novo material para que pudesse explicar melhor. “Os métodos convencionais não surtiam efeito diante das complicações gráficas propostas pela disciplina”, lembra. O primeiro multiplano produzido na época para o aluno Ivã José de Pádua, hoje com 29 anos, era feito de uma placa de eucatex, elásticos e rebites que permitiam montar um plano cartesiano. Assim, o estudante começou a entender como funcionavam os eixos “X” e “Y”.Além disso, trouxe a possibilidade de Ivã produzir seus próprios gráficos. “Não existiam materiais como aquele. Os outros tinham de montar os gráficos junto com a pessoa cega, com cola plástica, por exemplo”, lembra o ex-aluno. " [2]

Quer algo mais sobre o assunto?
Site do Multiplano
Multiplano, um avanço na Matemática
Vídeo sobre Multiplano
Outro vídeo sobre Multiplano

Vídeos bacanas sobre Braille


Crédito: [1]



  Olá! :-) Depois de falarmos tanto sobre Braille , aposto que, se você é um internauta que não está familiarizado com o assunto, ficou curioso para aprender essa linguagem! Muita gente acha que é difícil aprender isso... ou pensa que tem de fazer um curso para aprender isso (o que, convenhamos, demanda disponibilidade de tempo e de oferta de cursos de Braille na localidade onde a pessoa mora)... Bom, com essa maravilha de invenção chamada internet, não há mais pretextos para você adiar a aprendizagem deste maravilhoso sistema de leitura e escrita utilizado pelos deficientes visuais! :-) Localizamos na internet diversos vídeos explicativos sobre o tema, e selecionamos três deles. (Mas você pode ir mais além, "googlando" e encontrando mais outros que melhor lhe atenda... esteja á vontade!!! :-D )

 http://www.youtube.com/watch?v=-t4IU_WJZs8


http://www.youtube.com/watch?v=cHX2fwSiAIo&feature=related

www.braillevirtual.fe.usp.com.br/pt/index.html



Crédito: [2]

Quer saber mais sobre educação para deficientes visuais?  Tem também estes vídeos:



Divirta-se! :-)

Sorobã: o que é isso?!

(Olha ele aí!!!!  Crédito da foto: [1])

Para quem não conhece, ou nunca ouviu falar de tal dispositivo, “ voilà ” !!!   :-D  O sorobã é um instrumento utilizado para fazer cálculos matemáticos por deficientes visuais (DVs). É de grande auxílio, pois, ao contrário de pessoas que enxergam normalmente, os DV s nem sempre podem rabiscar uma folha de rascunhos para fazerem contas, não é mesmo? Então, como forma alternativa ao ato de fazer as contas ”de cabeça”- principalmente se forem cálculos extensos- os deficientes visuais tem essa opção.
    Esse instrumento é de origem oriental. Segundo Fabiano Boghossian Esperança em sua página na internet, “O Sorobã está dividido em dois retângulos: um largo com 4 rodinhas em cada eixo e, outro estreito com apenas 1 rodinha. Serve de separação entre os retângulos uma tabuinha chamada régua, que tem, de 3 em 3 eixos um ponto em relevo, tendo seis ao todo. É junto da régua que se escreve e que se lê os algarismos. Para se calcular com o Sorobã, coloca-se o mesmo sobre uma mesa de modo que o retângulo largo fique mais próximo de quem vai calcular."

  No sorobã, pode-se efetuar todo e qualquer tipo de operaçaõ matemática! Incrível, não? Como pode-se ver na figura, o instrumento possui hastes verticais com elementos móveis. Isto possibilita fazer cálculos de contas com valor 1 e 5, separados pela haste horizontal que se pode ver na foto acima.
     Facilita bastante a vida de quem tem problemas significativos de visão, não? ;-) Pelo fato de ser difícil -ou impossível- para o DV ver a lousa e compreender a operação matemática que, no alfabeto comum de quem enxerga, é feito na vertical, o DV faz o cálculo na horizontal. O sorobã vai ser de grande auxílio nisso, tornando mais  fácil para a resolução das equações!

      
  Quer ler mais sobre o tema? Clique aqui

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Alunos deficientes visuais numa aula de matemática! :-)

 
Leitura em Braille.  (Crédito da foto: [1] )
 
Cubo Mágico em Braille.  (Crédito da foto: [2])
  Segundo Nuno Santos, Cláudia Ventura e Margarida César, no texto online Alunos Cegos nas Aulas de Matemática [3],


"as escolas devem ser capazes de identificar as barreiras que se colocam aos alunos cegos no acesso ao sucesso académico e inclusão social. Batista (2005) relembra que, para os cegos, é importante criar condições para que os obstáculos devidos à falta de visão possam ser diminuídos, criando oportunidades de acesso à participação nos processos de ensino e de aprendizagem. Torna-se, por isso, necessário reflectir sobre as experiências de ensino e de aprendizagem que envolvem alunos cegos. Esta reflexão pode contribuir para identificar as barreiras que estes alunos enfrentam no acesso às ferramentas culturais da matemática e à sua participação em cenários de educação formal."
 
 

Ou seja, o ambiente educativo deve ser favorável à prática de ensino que seja mais adequada às habilidades dos alunos deficientes visuais que possuem bastantes habilidades por meio do tato, audição e formas próprias de mapeamento e orientação espacial, já que não possuem a visão ou possuem em percentagem baixa. Assim sendo, as técnicas de ensino tradicionais devem ser repensadas, de forma que atenda não só aos educandos de visão normal, mas também aqueles que possuem deficiência visual.

Existe, na grafia Braille, o que se chama de Código Matemático Unificado que é a grafia Braille oficial dos símbolos de Matemática empregados desde os conteúdos ministrados na Educaçaõ Básica até a Educação Superior. É importante que o estudante com deficiência visual domine essa escrita e que seus professores também a dominem, a fim de compreenderem o que seus alunos cegos escrevem, a fim de corrigir-lhes os exercícios e provas, acompanhando o aprendizado de seus alunos.

No entanto, é necessário o professor tomar certo cuidado, visto que a escrita Braille e a convencional possuem peculiaridades distintas, em termos de direção de leitura e escrita! Por exemplo, ao ensinar divisão, faz sentido dizermos que o numerador fica em cima e o denominador fica em baixo para um estudante que enxerga e usa a escrita comum... mas é totalmente sem sentido para um estudante cego usuário de Braille! Veja o relato abaixo, extraído do texto de Nuno Santos e outros autores, mencionado no início deste post:



"O primeiro exemplo que identificámos relacionava-se com o estudo dos números fraccionários, no 7.º ano de escolaridade. Uma das alunas cegas chamou-nos, durante a aula, pois na ficha de trabalho havia uma expressão que ela não conseguia compreender. Tratava-se de uma fracção, que os alunos tinham estudado anteriormente. Acontece que esta aluna tinha apropriado e interiorizado o conceito de numerador como o número que está em cima e de denominador como o número que está em baixo, o que não é o correcto na GMB, em que as posições destes dois conceitos são as opostas. No sentido de evitar confusões com outros símbolos já existentes, definiu-se que o numerador numa fracção aparece ligeiramente descido, ao passo que o denominador se mantém na mesma posição o que, em termos relativos, corresponde a estar representado mais alto."
 

Tem também esse relato aqui, feito pelos mesmos autores:



"Uma das alunas cegas que acompanhámos, enquanto professores de apoio, no 8.º ano de escolaridade, manifestou a sua indignação por não conseguir acertar com os procedimentos para a resolução de equações pois, quando a professora perguntava o que deveriam começar por fazer, num exemplo como o anterior, ela respondia, ser necessário desembaraçar de parênteses. Outros colegas diziam que era apenas necessário reduzir ao mesmo denominador. Uma vez que, na escrita a negro, não existiam parênteses, a professora acabava por reforçar a resposta dos restantes colegas. Deixando a aluna cega confusa, sem entender o que a professora e os demais colegas estavam a dizer. O conhecimento da GMB, por parte do professor, permite evitar alguns destes incidentes, que pouco contribuem para a aprendizagem e muito contribuem para formas diversas de exclusão, de não participação nas actividades matemáticas desempenhadas em cenários de sala de aula e, consequentemente, para a desmotivação ou falta de confiança nas capacidades e competências, por parte dos alunos cegos. A escrita das expressões matemáticas numa linha pode ser uma forma adequada de levar os alunos, denominados normovisuais, a compreender melhor o uso dos parênteses e a prioridade das operações. Ao nível do ensino secundário de matemática, este investimento na escrita de expressões com recurso aos parênteses, pode desempenhar um papel importante no estudo de temas como as funções. Nesses anos de escolaridade, os alunos terão de recorrer à calculadora gráfica para escrever as expressões de funções, que muitas vezes se apresentam a negro com numeradores e expoentes, mas cuja escrita na calculadora gráfica obriga a recorrer ao uso de parênteses. Assim se percebe que possa ser importante abordar este assunto na sala de aula, com toda a turma, e qual a importância e impacto que esta abordagem pode ter, ao nível das aprendizagens, para todos os alunos e não apenas para os alunos cegos. É também uma forma de dar a conhecer a diversidade de representações que podemos encontrar na escrita da matemática, que os diversos alunos devem conhecer". 
 
[3]

Matemática para deficientes visuais_Introdução

Muito se fala de Educação Matemática, de técnicas de ensino de Matemática, de desenvolvimentos de jogos educativos para ensinar essa matéria que, segundo muitos estudantes, é osso... =P E você, que está lendo este blog: já parou para pensar como os deficientes visuais fazem para aprender Matemática? Oras, se para muitas das pessoas de visão normal, essa matéria já é considerada difícil... que diria para alguém que não consegue ver a lousa e o caderno?




(Crédito da imagem: [1])


Bom, primeiro vamos ver: como os cegos e portadores de baixa visão fazem para estudar?
Os portadores de visão subnormal são aquelas pessoas que, mesmo com óculos e lentes de contato, não conseguem enxergar bem. Daí a necessidade de recursos ópticos especiais, tais como lupas, telescópios, escrita com letras ampliadas, etc. Dependendo da doença ocular que os acometem, podem preferir recursos de áudio (matérias sendo gravadas em mídias de áudio, ou pessoas lendo para eles), já que há doenças oculares que fazem com que os olhos dessas pessoas cansem muito rápido com o esforço visual.
Já os cegos, para fins educacionais, são aquelas pessoas que não podem contar com visão residual como os indivíduos listados acima. Os cegos, além dos recursos de áudio descritos acima, valem-se do Alfabeto Braille para leitura e escrita além de necessitar de materiais educacionais que explorem a audição e o tato.
Falando em Alfabeto Braille: você o conhece?


(Crédito da figura: [2])



Crédito da figura:[3]

Tanto os cegos quanto os portadores de visão subnormal podem contar com ferramentas computacionais para utilizarem em seus estudos, tais como: computador adaptado com recursos de zoom (para ampliação, no caso de quem tem baixa visão) e computador com softwares leitores de telas úteis principalmente para as pessoas totalmente cegas. Esses softwares leem em voz alta tudo o que está escrito em uma tela de computador, ou tudo o que é digitado. Através de um sintetizador de voz e de um alto-falante, a pessoa deficiente visual pode interagir com a máquina.
Alguns exemplos de leitores de tela são: Jaws, Virtual Vision (para Windows), Orca (para Linux), além do Sistema Operacional Dosvox, que pode ser usado tanto em computadores com Windows ou Linux.


Crédito da foto: [4]

Ok, vimos como os deficientes visuais podem estudar... mas aposto que você, leitor(a), está ansioso(a) para ver como essas pessoas estudam MATEMÁTICA!!!! :-)
Tudo bem, não se desespere... é só acompanhar os posts que se seguem!!! ;-)



Quer ler mais? Clique nos links que se seguem!
Sistema Dosvox para cegos
Como o Dosvox foi criado?
Leitor de telas Jaws
Virtual Vision
Leitor de telas Orca
Instrumentos para se escrever em Braille